quinta-feira, 16 de julho de 2015

pontinhos sobre o amor

Deu vontade de começar com uma pergunta. Mas ela deu lugar a frases curtas. Amor e seus pretextos. Amor e suas culpas, causas, direitos e deveres. Amores e seus desamores. A palavra não tem mais significado. Ela adquiriu direitos demais. Ganhou votos e requintes de crueldade. Perdeu sentimento. Perdeu sabor. Ganhou ferro e guilhotina, ganhou a força da raiva e da vingança. Ser cruel em nome dele é sinal de muito amor e até de vontade de ajudar. E ninguém está livre, dos analfabetos aos mais cultos. Não me importam os livros, as bagagens, nem o conhecimento.  Me importam as pessoas, sejam elas quem forem. Conhecimento e amor usados para ferir só servem para transformar o conhecimento em um amontoado de arrogância. 

Os disfarces estão aí pra quem precisa deles. Os pesos também. Amor de família, amor de amigo, amor romântico, amor a deuses, ídolos e heróis, amor por coisas e lugares. Há tantas variedades. E pra todas, as justificativas. Ninguém nunca tem culpa. Só o amor, só a vontade de ajudar, só o fazer bem. Pessoas fazem sofrer, enjaulam, matam, tudo em nome dele.

Eu posso criar uma outra palavra. Pra quê? As pessoas iam fazer tudo de novo. Não importam os significados, os nomes nem as regras. É tudo tão indiferente. Deve ser por isso que as vezes tenho que me lembrar que sou adulta. Tem horas que eu me vejo com olhos de criança percebendo as coisas. Pra mim amor é bom, então toda vez que ele encosta em alguém, ele pinta todos os cantinhos daquela pessoa de coisas boas. Imediatamente os sorrisos ficam grandões. Isso pega, e chega longe com o vento, que faz carinho em quem toca. Assim, todo mundo vai brincando de pique pega e o amor vai aumentando, ficando fortão.  Aí eu me lembro que sou adulta e que minha definição não é usada. Ela soa infantil e utópica demais. Mas eu sei que tem mais gente alimentando ela. Ainda são poucos. 

Isso de classificar pensamentos com olhares de criança e adulto, é só mais uma definição. Mais uma forma de desacreditar coisas boas. 

Natália Possas

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