segunda-feira, 20 de outubro de 2014

o lixo orgânico de cada um

Palavras e sentidos sabem quando e em quem tocar.
Cabe a nós sabermos sentir e receber os presentes que nos são destinados.
E além disso, sabermos enviar presentes desinteressados, despretensiosos.

Tudo é mais simples do que o nosso julgamento nos conta.
Os sentidos dispensam as teorias.
Nosso instinto sempre sabe de nós.

Nossas crenças, preconceitos imensos e valores
nos ensinam a todo momento
a nos descriar, despir do que somos
em detrimento do que acreditamos ser.

Até percebermos que isso faz mal.
Então, entramos em crises gigantescas
incitando batalhas dentro de nós.
Ganhamos.
Perdemos.
Tudo ao mesmo tempo.

Não existem vencedores, nem perdedores.
Não existem heróis, dentro, nem fora de nós.
Não há conhecimento, nem luta real.
Há apenas pessoas deixando de ser,
se desaprendendo e ingerindo lixo no lugar.

Natália Possas


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Os sons tocam diferente em cada ouvido.
As reações também não são as mesmas
nem se tratando da mesma pessoa.

Por que buscar reações iguais em pessoas diferentes?
Por que buscar reações iguais em pessoas iguais?
Por que buscar reações iguais?
Por que buscar reações?
Por que buscar?

Por que esperar a música ficar pronta?
Por que esperar a música?
Por que esperar?

Sinta, reaja, respire o que ainda não se formou,
o que talvez não fique pronto e o que vai ficar.
O que talvez
O isso
O aquilo
Essas linhas
O início
Agora.

Cada frame tem gigantes possibilidades,
e se formos direto ao último,
o filme não vai existir.
E se ele não existir,
vamos querer fazer outro,
e se o outro não...
vamos querer outro,
e se...
e.

É, pra viver é preciso viver.
Pra pular não é preciso nada.

Natália Possas

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Goteira que bate
No chão.
No móvel.
Na cabeça.
No sapato.
No chão.
No móvel.
Na cabeça.
No sapato.
e nem sabe o que dizer.

Natália Possas