segunda-feira, 8 de abril de 2013

sintaxe

Meus pés tocam o chão com cuidado. Fui treinada pra isso. Somos todos. Fico triste quando percebo as vidas que não sabem sentir o vento e ainda o culpam pela direção errada e depois mandam a conta pra quem dizem acreditar e seguir. Ah se soubessem que quem chamam de Deus não rega preconceitos e nem paga contas alheias. Somos responsáveis pelas nossas alegrias e tristezas, pelas consequências delas e pelo que fazemos ou deixamos por conta disso. Somos responsáveis por nosso egoísmo, pelas mentiras que insistimos em acreditar, pela nossa falta de tolerância e pelo imenso preconceito que nos rege. Temos que parar de justificar e assumir mais. 

A conta de Deus é impossível de ser calculada. Eu que vivi tão pouco já não me recordo quantas vezes ouvi: “Deus lhe pague”, “se não foi é porque Deus não quis”, ou “Deus quis assim” e “coloca sua vida nas mãos de Deus que tudo vai se resolver”... e por aí se vão as palavras e as responsabilidades. Até há sim uma profundidade nessas palavras, se ao menos quem as profere percebesse o que de fato diz... mas normalmente são ditas como desresponsabilização. É fácil despachar a culpa dos próprios fracassos e erros pro outro, e se desabilitar da própria vida. Ainda mais quando esse alguém não vai reclamar pessoalmente, melhor ainda quando você pode dizer que foi ele que te ensinou a pensar assim e que você apenas segue as leis dele. Ele não vai te livrar de todo mal e muito menos te dar o pão de cada dia. Isso é responsabilidade sua. Não estou dizendo que Deus não existe. Apenas lamentando que ele sirva de argumento pra embasar as mesquinharias diárias de cada um. Acho que ele também lamenta.

Sei que não vou ver grandes mudanças, mas elas vão existir. Sei também que quanto menos cuidado meus pés têm ao tocar o chão, mais minhas palavras vão gerar desconforto. Sei ainda que as interpretações que damos ao que temos contato sempre vêm a calhar. O mal da humanidade é a humanidade. A solução também. Que Deus não lhe pague por ter lido isso e que você consiga tirar as próprias conclusões agora e para sempre. 

Natália Possas

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Vez ou outra as palavras pedem descanso. 
Eu finjo que deixo 
e elas sempre acham um jeito de falar.



Natália Possas