terça-feira, 31 de dezembro de 2013

oração

Que todos nós
possamos conhecer cada vez mais
nossos motivos de valer a pena.
Sejam eles do tamanho do nosso amor,
da luz que habita nos sorrisos sinceros
ou da formiga que comeu meu doce hoje.

Que possamos cada vez mais
nos despir das condutas sociais imbecis (até hoje não conheci nenhuma que não fosse)
e das regras carregadas de preconceitos.
Quem sabe assim possamos conseguir nos vestir mais de nós mesmos
e respeitar mais nossas vontades reais e a dos outros.

Não precisamos de falsos pudores,
nem de respeito fabricado
repleto de ideologias que nos impedem de ser sinceros com nossos desejos.
Precisamos enxergar pessoas
ao invés de roupas, posições, gostos, cor, sexo, preferências e tanto mais.
E não me venha falar de preconceito e humanidade
sem antes saber exatamente o que isso significa.
Sem antes se entender, se perguntar, se questionar.
E muito menos venha dizer que as coisas melhoraram
e que o que está aí é assim porque é.

As coisas não melhoraram.
As pessoas é que passaram a aceitar mais.
O preconceito está nas vírgulas colocadas propositalmente nas frases inofensivas.
Deixe você.
Deixe o outro.
Deixe o que você pensou ser seu discurso.
Questione-se e você vai perceber que a maioria das suas palavras não são suas.
Só estão lá porque sempre foi assim.
Deixe-as.
Viva você.
Viva suas palavras, suas verdades.
Descubra-se.
Desvende-se.

Depois disso poderemos voltar ao assunto.

Natália Possas

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