segunda-feira, 31 de dezembro de 2012


Nunca tive o hábito de escrever sobre ano novo e velho. Na verdade não sou de cultivar hábitos. Prefiro me render às vontades. Como faço agora, deixando as palavras saírem sem controlar o que vão ser.

Sei que as pessoas precisam de regras. Pelo menos a maioria delas. Que de hoje em sempre algumas possam ser quebradas com o coração leve. Que todos aprendam a escolher suas regras e que elas se transformem em escolhas e não fiquem mais lá só porque sempre foi assim.

Há tantos valores, posturas e barreiras aparentemente imutáveis, mas normalmente quem os usa não costuma se perguntar o motivo. Ele já está na ponta da língua: “porque é assim”. Dessa forma fica mais confortável, é como se tudo se justificasse, inclusive os fracassos e as desistências. O rumo é desenhado por nós. Que de hoje em sempre todos possam assumir suas escolhas e as consequências delas sem frases prontas. Que os sorrisos sejam largos e sem hora marcada pra terminar.

Quando os olhos se preocupam em sorrir, o resto do corpo responde sem precisar determinar mais nada. Julgamentos são apenas definições ínfimas que não cabem em nenhum outro lugar senão no coração de quem não se permite sentir.

Que de hoje em sempre todos possam desejar ver os carinhos do dia de ombros relaxados e pés descalços, permitindo pensamentos deliciosamente desarmados, chamando as atitudes pra dançar sem pensar em quem assiste.

Feliz novo de hoje em sempre!
Natália Possas

domingo, 30 de dezembro de 2012

de presente

para Hely

Dias especiais fazem a gente querer ficar 
e ficar...

Amigaaaa que fez seus abraços fazerem parte da minha vida 
e guardou as palavras que eu ainda preciso debaixo do meu travesseiro,
pra eu poder ouvir sempre que precisar.
Seus cuidados sempre estão a postos
e sabem a hora de dar bom dia. 

Sorriso decidido que não perde as reticências
nem o brilho que faz a gente querer ficar perto 
ouvindo você dizer amigaaaa.

Esse ano meu coração quis te presentear 
e embrulhou minhas palavras.
Feliz aniversário!
Amo.

Natália Possas

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


As lágrimas não vieram.
É que eu mandei que ficassem esperando do lado de fora.
Que pretensão achar que podiam vir antes do brilho nos olhos!

Natália Possas

domingo, 23 de dezembro de 2012


Cochicho bom das palavras conversando dentro de mim.
Me pediram pra chegar na janela
e ouvir os barulhos do dia.
E não é que tinha um passarinho cantando à capela pra mim!

Natália Possas

domingo, 10 de junho de 2012

Palavras sem nome

Preciso mergulhar nas minhas verdades, que eu criei sabendo ser o certo. Cansei de verdades impostas pela raiva de quem não sabe o que diz, nem o que faz. Mas se delicia com o desespero alheio. Há olhares tão imersos em sensações ruins criadas por e para si que os momentos de paz não sobrevivem. As energias são tão ruins que os olhares não podem sozinhos, eles precisam trazer outros. Mais. Sempre. Imagens com gosto tão ruim que a alegria pede pra ficar a uma distância segura. Esses olhares não sabem mais a importância dos laços de carinho, dos sorrisos despretensiosos. Acho que nunca souberam. Eles precisam machucar a terra limpa que ainda tem muito o que fazer.

Infelizmente há quem não saiba lidar com olhos rancorosos. Eu também não sei. Mas tenho certezas, alma leve por essência, sorriso a postos, vontade e mais vontade, resiliência, olhares bons que me elegeram parte da família. Há tantos olhares que gostam de mim e que me fazem bem. Há tanto mundo e descobertas. Há tanto amor, sorriso e mãos dadas, que o peso de quem não sabe o que é isso não pode chegar.

Nossas vidas e o rumo delas são responsabilidade de cada um de nós, de mais ninguém. Sempre há escolhas. As minhas tem som de gargalhadas e cheiro de amor.

Natália Possas

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Enquanto os valores impostos sem questionamento forem maiores do que os sorrisos, o caráter bom, a amizade, o respeito e tantas outras delícias que muitos não sabem apreciar, o nosso senso comum de certo e errado vai continuar se tornado cada vez mais imbecil. E as pessoas cada vez mais imersas nesse conforto que nem elas mesmas sabem o que diz. Questionamentos existem aos montes. Pena que boa parte deles seja dentro de algo já estabelecido, do olhar que muitos compartilham em silêncio.

Natália Possas

sábado, 14 de abril de 2012

molduras que andam

Pássaro preso cantando.
Televisão ligada alto.
Gente falando.
Falando muito.
Alto.
Pés.
Movimentos.
Palavras gigantes
que desconhecem o seu tamanho.
Palavras ínfimas.
Atitudes sólidas na hora de bater,
são rasas aos olhares que buscam.


Eles brilham sem saber seu lugar.
Os pés também não sabem.
Recortes de almas sem gosto bom.
Mãos.
Unhas do pé.
Bocas.
Joelhos.
Articulações.
Pedaços de gente que são pedaços de almas,
que não conseguem se montar.
Ser.


Os pedaços podem continuar sendo pedaços.
Mas estão virando restos que não sabem o que são.
Só querem ir.
Acreditam cegamente no que não sabem,
apenas porque um dia alguém disse que era certo.


Restos de Palavras,
Atitudes,
Gritos,
Falta de Respeito,
Pressa.
Muita Pressa.
O mundo está rápido,
e as partes que estão virando restos não sabem o motivo,
e não querem descobrir.


Precisamos falar,
mostrar,
entoar sussurros de paz,
respeito,
liberdade real sem tabus,
educação,
e tanto mais quanto for necessário.


Os sorrisos só chegam a quem deseja ver.
Quando você sorri pra alguém na rua,
o outro sorriso nem sempre enxerga o seu.
O senso de obrigações aceitas não permite.
Há uma ponte invisível que faz com que os olhares não vejam
os carinhos do dia.
Mas eles sempre voltam,
e quando um morre,
nasce outro no lugar.
Desejo a todos excelentes percepções
sem olhares com foco no aceitável.

Natália Possas

quinta-feira, 29 de março de 2012

dedinhos de nuvem

Coração temperado de palavras leves.
Os olhos fecham delicadamente,
sincronizados com a cabeça que tomba pro lado,
antes do suspiro pedinte de cafuné.

Não sei se os sonhos pedem pra ser acordados.
Eles não costumam dormir em serviço.

Natália Possas

domingo, 25 de março de 2012

vestido de festa

para Paola

Os sorrisos dela pegam pelo braço.
Fazem esquecer o mundo,
pedem pra ficar sempre só mais um pouquinho,
e imediatamente os ombros se tornam mais leves.

A simpatia que convida e não deixa ir embora,
traduz sempre os atos do coração.
Ele sempre se posiciona primeiro.
Amiga da cabeça maluca e do coração gigante.
Sua doideira é vontade de alegria, de amigos, de amor.

Suas atitudes me ensinaram a não julgar.
Suas palavras nunca são contra alguém,
porque o seu coração não permite.

Hoje minhas palavras pediram pra te fazer um carinho.
Mas pra falar de você elas precisavam estar bem arrumadas,
prontas pra sair de casa e se divertir!


Natália Possas

terça-feira, 6 de março de 2012

Palavras quietas,
querem acompanhar o peito apertado
de batidas na porta.
Mas dentro de mim,
energias, fome, espirros escandalosos que não sabem o que são.
Inquietação que não sabe o quê, mas sente,
e sabe precisar
sem saber o que é de verdade.
Eu sempre sei.

Preciso aprender acreditar sem nada me levar de volta à dúvida,
apenas despertada pela curiosidade que chama o olhar, as atitudes.
Me perdi nessas palavras sem saber o que sinto.
Tenho palavras que conversam dentro de mim
Mas são indizíveis, intraduzíveis,
até que eu saiba como aceitá-las,
sem que o coração crie questionamentos exagerados.

Apesar disso o sorriso nunca anda mais que minhas pernas,
vai ao meu lado acalmando meu coração,
pra que eu possa acalmar os outros
e buscar entender o meu.
Minhas palavras e atitudes buscam a leveza mais que tudo,
o carinho trazido nos sorrisos, nos olhares
as sutilezas de afagos escondidos,
cada percepção que os outros não querem mais sentir.

Mas tudo isso leva meus pensamentos
pra onde eu não conheço.
Mas sei.
Embora relutante,
minhas conjugações hoje foram em primeira pessoa.
Pela primeira vez.

Natália Possas