quinta-feira, 25 de junho de 2009

Entrelinhas


No dia em que eu não falei,

O sorriso convidou mais,
O aconchego se atirou com o olhar,
Que encontrava o outro e dizia tudo.

No dia em que eu não falei,
Eu disse tanto!
Senti através do acorde,
Que soou com o gesto mudo.

No dia em que eu não falei,
A presença buscou a sombra,
Que é o reflexo do sentir,
Gesto do Eu que eu mesma nem sei,
E que faz exposição de mim sem permissão.

No dia em que eu não falei,
A expressão gritou!
Demonstrou a tradução que a voz não acompanha,
Fez sentir... entender tudo e nada...

No dia em que eu não falei,
Os sentidos eram gigantes com valores naturais.
O mesmo virou fração,
E o tudo, arte.

Natália Possas

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Convite

Vamos brincar de pique-esconde? Só que desta vez, com soldados. Não estes bonecos que os meninos costumam brincar de fazer guerras. Soldados de verdade, com armas reais, roupa camuflada e coturno.

Entretanto, se preferir continuar imaginando, podemos ir ao teatro. No caso abordado, o cenário é o Oriente Médio, mas, como não poderia deixar de ser, o Brasil não fica atrás. Porém, os figurinos são um pouco diferentes. Normalmente nada preocupados com a moda. Mas os objetos cênicos, como por exemplo, as armas... ah! Estes estão sempre muito bem atualizados! Os panos de fundo então? Uma maravilha! Pois normalmente, as cenas ocorrem em morros, onde há uma vista privilegiada de toda a cidade.

Contudo, não podemos nos esquecer da platéia, este público fiel, sempre assistindo a tudo, se emocionando ou não, mas sem sair do lugar. Afinal, amanhã tem mais.

Natália Possas

domingo, 14 de junho de 2009

Desassossego

Vontade de ir pra não sei onde...
E é por isso que eu quero.
Porque eu não sei.
Não sei tanta coisa...
Ah! Infinita ignorância!
O que sei de lugares vem dos livros, tv, internet...
Mas isso motiva a minha imaginação apenas.

O que quero saber vem de onde ainda não sei,
Pessoas que ainda não conheci,
Histórias que vão ser contadas a mim,
Ainda não sei por quem.

Cada pessoa representa tanto!
Tanta história, tanta vida, tanto conhecimento...
Não posso passar sem essa riqueza!

Os que conheço, os que amo, os que passaram por mim...
Ajudaram a me escrever, me descrever, me aprender, me decorar...

Mas ainda há tanto!
Tanto que ainda não sei,
Tanto que sinto imensa necessidade de saber!
Mas saber pessoalmente,
Pra continuar imaginado mais coisas que ainda não sei.
E buscar sempre o que ainda vou saber.

Viajar sem destino, sem ninguém.
Mas não sozinha!
O destino é guiado conforme a necessidade,
A companhia vem de todos.
Nunca estamos sozinhos.
Podemos ainda não conhecer as pessoas em volta,
Mas elas estão lá!

Só está sozinho quem não tem pra onde voltar.
Não tem por quem procurar.
E não se permite conhecer.

Há a todo o momento, descoberta com fantasia de gente!
Basta aprendermos a olhar por trás da fantasia.
Nenhuma é igual à outra.
Por isso ainda há tanto pra saber!

Enquanto ainda não posso ir,
Vou através dos livros,
Que me transportam,
Mas aumentam o meu desassossego.

Natália Possas

sábado, 13 de junho de 2009

Percepções

Tarde de sol, passeio. Há muito tempo não faço isso. Vi tantas coisas que não lembrava, e outras desconhecidas, pelo tempo que por ali eu não passava.

Cabeça fresca, expressões fechadas, passos apressados, sorrisos sem querer por pensamentos longe, roupas da moda - às vezes inadequadas - cumprimento de alguém que provavelmente me confundiu, trânsito, buzinas, falação, mais falação, celulares, bolsas, olhares, pensamentos, destinos, compromissos, ou a falta deles, histórias, encontros, descaso. Passos em direções idênticas com destinos e histórias singulares. Tanto em comum, traduzindo muita vontade de individualidade. Necessidade de ser diferente, pra ser igual. Ideologias copiadas. Ilusões pedidas. Gente usando a cidadania que ignora, para propagar sua falácia. Possibilidades e escolhas.

Embora não grave tão bem a paisagem, percebi lojas novas, e senti falta de um prédio que não estava mais lá. Fiz algumas compras, voltei para casa.

Natália Possas

Mas

E se o céu cantar por mim...
Estrelas em uníssono!
Alma do sentido, a canção.

Fragmento do que ainda está,
O brilho é prata do que já foi ouro.
E se o opaco for o sentido de agora...

Eu não vou querer por mim.
E se você lembrar que pode...

A canção se fez outra
Mas estático coração que não foi,
Sorri sem cor... de lembrar o que é,
Por não ser o que lembra.

Natália Possas