Chamei meus amigos pra brincar de
queimada e fazer piquenique no parque. Eles adoraram. Ainda não fomos, estamos
tentando coincidir horários. Espero que paremos de tentar. A vontade de jogar
queimada só aumenta. Talvez por isso se assustem quando eu digo que tenho quase
trinta. Não pelo programa tachado com classificação para menores de doze anos, mas
pela vontade apreciando o agradável, que me chama sempre, e mais um dia.
Não é uma questão de aparência. É
simplesmente uma forma de precisar dos suspiros que o vento dá quando quer
levar os nossos sorrisos até alguém, de precisar do chão e de saber que rolar
nele faz bem pra alma. De brindar presentes que chegam das mãos de quem faz
carinho, de amar com tesão e admiração. Outro dia uma aluna disse que eu andava
sorrindo. É só o pavio dos meus sorrisos que é longo, e às vezes se estende até
o próximo.
Pessoas não desrespeitam outras
pessoas sem antes desrespeitarem elas mesmas. Eu simplesmente permito meus
anseios quando eles precisam estar mais à vontade pra ficar feliz, sem ter que
fazer relatório de motivos, necessidades, planos e consequências. Nem sempre eu
consigo; às vezes preciso arrancar coisas inúteis dentro mim.
Natália Possas