sábado, 26 de janeiro de 2013


Não pertenço a lugares,
pertenço a mim.
Vou aonde os sorrisos me chamam
e o barulho da chuva é mais sonoro.
Não quero as certezas pra sempre.
Preciso das dúvidas que mudam de ideia e de lugar.
Busco os cheiros fortes
dos pedaços de mundo que eu vou montando
sem que quase ninguém perceba.
Quero as dores do cansaço criado no balão
que eu inventei pra ter o que decorar.

Pertenço ao que eu permito pertencer,
porque era importante,
ou porque a vontade pediu.
As minhas certezas adoram dar cria.
Meus ideais se bastam com a minha aprovação,
mesmo quando quase ninguém acredita neles.
Falando francamente,
os ideais em que a maioria acredita 
costumam ser bem...
limitados (ah consegui não dizer burros!).

Natália Possas

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013


Às vezes o nome de algumas coisas muda quando eu as pronuncio.
Já chamei cadeira de elevador, TV de geladeira...
Não sei bem porque e nem quando isso acontece,
e é mais frequente do que eu gostaria.
Às vezes é engraçado.
Às vezes não.
Normalmente sai antes que eu perceba.
Já percebi tantas coisas que não disse.
Se eu disser tudo que eu percebo...
Já disse um monte de outras sem perceber.
Se eu percebesse tudo que eu digo...
Eu vivo encontrando novidades dentro de mim.
Algumas eu descubro já velhinhas,
outras acabando de nascer.
É bem provável que muitas passem despercebidas.
Dizem que a gente sempre sabe de si e sempre se entende.
Discordo.
Às vezes eu perco algumas cenas dentro de mim,
e como sou desorganizada acabo não encontrando.
Às vezes eu escrevo sem saber por que (como agora),
e até mesmo sem entender o que está escrito.
Nem tudo precisa ser entendido, encontrado, explicado.
Esse texto deve estar chato.
Não precisa terminar de ler.
Se quiser pode ir procurar as coisas perdidas dentro de você,
e me deixar aqui sozinha.
Não precisa mais me dar essa atenção.
Esse texto não merece.
São apenas palavras transbordando.
Não gosto de escrever coisas que acho ruins.
Mas às vezes é preciso,
porque dá vontade.
Isso já é motivo suficiente.
Se for o único já está de bom tamanho.
Se chegou até aqui, obrigada.
Até o próximo,
e que ele seja bem melhor.

Natália Possas